O projeto Meninos do Lago vai levar aulas de canoagem para quatro centros de convivência de Foz do Iguaçu, nas vilas Itaipu C, Morumbi, Lagoa Dourada e Porto Meira. Cada centro terá capacidade para atender até 110 crianças. Hoje, as aulas ocorrem somente no Canal Itaipu, dentro da usina de Itaipu.
Outra mudança é o aumento do número de vagas, que vai passar de 100 para 600 alunos. As inscrições vão começar em março e tem como público alvo crianças e adolescentes, de 7 a 17 anos, de escolas públicas de Foz do Iguaçu.
O projeto é desenvolvido pelo Instituto Meninos do Lago (Imel) e tem o apoio da Itaipu Binacional, por meio do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA), e da Federação Paranaense de Canoagem.
O gerente da Divisão de Iniciativas de Responsabilidade Social (RSIR.GB) da Itaipu, Márcio Bortolini, disse que ampliação do Meninos do Lago vai possibilitar que jovens de todas as regiões da cidade tenham oportunidade de participar do projeto. Atualmente, essa participação é limitada aos alunos que moram próximos à usina, nos entornos dos bairros Itaipu C e Morumbi. Inclusive, há lista de espera.
Bortolini acrescentou que o número de participantes ainda pode aumentar, com a inclusão de alunos da rede municipal de ensino. Também há estudo para estender as aulas para o Centro da Juventude, na Vila Naipi.
Capacitação
Nesta semana, de 18 a 22 de fevereiro, começou a capacitação dos professores que vão atuar no projeto em 2019. Um dos focos é a fase de inicialização do esporte (primeiro nível ou faixa branca), exatamente a atividade que será desenvolvida nas piscinas dos centros de convivência. A partir do segundo nível (faixa amarela), as aulas passam para o Canal Itaipu.
Todo o conteúdo programático foi elaborado com base nas recomendações da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), também responsável pela capacitação. Os professores estão recebendo aulas práticas e teóricas. O Corpo de Bombeiros contribuiu com aulas de salvamento na água e primeiros-socorros, entre outras atividades.
Nas piscinas, as crianças vão aprender a modalidade caiaque polo – que é uma espécie de futebol dentro da água. A canoagem slalom será apresentada somente na segunda fase (faixa amarela), no Canal Itaipu. Marcio Bortolini salientou que começar na piscina não prejudica o aprendizado. “Hoje, o aluno faixa branca também não desce o canal”, explicou.
Ainda segundo ele, as piscinas vão permitir uma seleção mais apurada dos alunos que seguirão no esporte. “A rotatividade [no projeto] é muito grande, principalmente entre os mais jovens. Às vezes, a criança começa e não continua – e isso é muito comum nesta idade. Por isso, vamos levar para o Canal Itaipu apenas crianças que já passaram pela faixa branca e se identificaram com a canoagem”, comentou. “Para o jovem que realmente gosta do esporte, o auge vai ser treinar no canal.”
O número de professores também foi ampliado. Eram quatro, agora são nove. E alguns têm origem no próprio projeto, como é o caso de Wallan Patrick de Carvalho. “Comecei [no Meninos do Lago] com 11 anos de idade e, com três anos de projeto, estava na seleção brasileira de canoagem. Participei de vários torneios nacionais e internacionais”, disse Wallan, hoje com 22 anos e graduando de Educação Física.
Segundo ele, a fase de capacitação dos professores é importante mesmo para quem tem vivência na modalidade. “Muitos fundamentos mudam, são aprimorados, e é preciso padronizar [o ensino]. O professor tem que aprender o fundamento correto para ensinar os alunos corretamente.”
Paradesporto
Outro foco do programa, dentro desta nova fase, é estimular pessoas com deficiência a praticar esporte. As atividades vão ocorrer paralelamente ao atendimento às crianças. “Vamos trabalhar junto com o Imel. No futuro, a intenção é abrir o projeto também para as crianças [com deficiência], promovendo a inclusão pelo esporte”, disse o fisioterapeuta Luiz Augusto Mazine, formado em classificação funcional de paracanoagem pela Unicamp.
Guto Mazine, como é conhecido, disse que as maiores dificuldades de quem trabalha na área paradesportiva são conseguir apoio para desenvolver projetos e, por consequência, dar oportunidade aos deficientes. “Aqui nós estamos somando as duas coisas. Acho que isso não existe no Brasil e fará com que se abra em Foz do Iguaçu um novo campo”, afirmou.
“Inclusão não é só construir uma rampa ou instalar uma barra. Inclusão é tirar a pessoa de casa e mostrar que ela pode exercer uma função, seja no esporte ou no trabalho”, concluiu.Márcio Bortolini conversa com os professores em centro dos Bombeiros de Foz. Hoje, há fila de espera para entrar no projeto. Fotos: Nilton Rolin
Treinamento na pisicna simulou resgate a vítimas na canoagem.
Equipes da Responsabilidade Social de Itaipu, coordenação do projeto e professores: trabalho coordenado.
Wallan Patrick de Carvalho já foi "menino do lago" e agora vai ajudar a formar novos atletas da canoagem.
Coordenador do projeto de paracanoagem, Guto Mazine diz que modalidade exige apoio e oportunidade. "Aqui estamos somando as duas coisas."