Aconteceu nos dias 13 e 14 de março, na Raia da USP, em São Paulo, o Campeonato Brasileiro Interclubes de Paracanoagem. Pela primeira vez na história o Instituto Meninos do Lago participou com uma equipe nesta disciplina que está inserida nos Jogos Paralímpicos e, já de cara, trouxe a medalha de bronze conquistada na prova da categoria VL2 feminino 200 metros, com a atleta Alini Priscilla Barth.
Este evento foi financiado pelo Comitê Brasileiro de Clubes e praticamente todas as despesas desde passagem aéreas e hospedagem dos atletas e equipes técnicas estavam garantidos, de forma que para o IMEL os custos foram bastante reduzidos.
A equipe iguaçuense esteve presente com os atletas:
Esses atletas contaram com os auxílios de Guto Mazine, como fisioterapeuta, treinador e Chefe de Equipe, Wallan Patrick de Carvalho como auxiliar técnico, Andress Pires, assistente, Ismael Filadélfia e Carla Peixoto como acompanhantes.
O responsável pela Equipe, Guto, relata que:
“A Paracanoagem vem para ficar. E vem para mudar a vida das pessoas. Não só as pessoas que possuem limitações funcionais, mas também a sociedade de modo geral. Ela inclui, quebra tabus, preconceitos, melhora a saúde física e mental. É incrível ver como os praticantes melhoram auto estima e independência. Nossa equipe é jovem. Estamos adquirindo experiência, treinando, aprendendo e desenvolvendo. Isso não seria possível sem apoio e trabalho em equipe. Por isso somos gratos a IMEL e a Itaipu binacional por terem abraçado o paradesporto”.
A medalhista Alini corrobora com as assertivas acima e relata que a canoagem é muito prazerosa e lhe dá uma sensação de liberdade:
“É um esporte que eu gosto desde a primeira vez que tive contato com o caiaque. Foi ali que me encontrei. Eu me sento na canoa e por mais que tenha dificuldade, pois as vezes não consigo me encaixar bem, ali me sinto livre. Não me sinto diferente de ninguém. É bom demais”.
Emocionada complementou:
“Tenho muita sorte de ter encontrado esse grupo que se tornou uma família para mim. O Guto e o Wallan que me aguentam porque eu sou chata e eles estão ali sempre me apoiando me ajudando, meu noivo que me leva para cima para baixo, meu pai que me libera na horas dos treinos do serviço. Eu tenho muita sorte e muito apoio”.
Para outro paracanoísta, Isac Alves Cardoso, tetraplégico após sofrer lesão na C7T1 da coluna vertebral, decorrente de descarga elétrica que o fez cair de uma altura de 5 metros o sentimento de liberdade é o mesmo:
“Estou na canoagem há um ano e minha vida anteriormente era ficar em casa fazendo artesanatos e de vez em quando levantando uns pesos. Hoje consigo estar em contato com a natureza remando, com o sentimento de liberdade como uma pessoa normal, pois na água, somos todos iguais”
Por fim o atleta Diego agradeceu aos treinadores:
“Mais um sonho realizado, remar no berço da canoagem brasileira. Muito obrigado aos meus treinadores Guto Mazine, Wallan Patrick, Angel Cardoso que se dedicaram ao máximo para que tudo isso desse certo, muito obrigado de coração para todo mundo que me apoiou e principalmente à minha namorada Viviane Regina por estar a todo tempo do meu lado me motivando e no momento mais difícil não deixou eu pensar em desistir e só me deu força para continuar. E agora com um pouco de experiência e com muito aprendizado é continuar me dedicando e buscar o pódio”.
Na verdade não foi apenas mais uma brilhante participação do Instituto Meninos do Lago em uma prova da canoagem brasileira, foi um enorme teste para verificar se a difícil logística de viajar com os cadeirantes em voos comerciais, transportes em vans, hospedagens e todas as demais necessidades desses atletas seriam satisfeitas da forma que eles merecem e fazem jus. Não só ficaram extremamente satisfeitos com as condições que encontraram, como também possibilitam uma nova visão para o próprio projeto iguaçuense. A partir de agora é possível planejar a ampliação dos trabalhos, pois está comprovado que a força de vontade e dedicação desses atletas são imensamente superiores à eventuais contratempos que normalmente acontecem com qualquer equipe.
Esse evento teve singular importância histórica que será lembrado eternamente, pois foi a primeira participação iguaçuense em uma prova paralímpica de canoagem. A atleta Allini Barth já deixou registrada a gloriosa marca da primeira atleta a receber uma medalha. Sem nenhuma dúvida, a primeira de uma série que ela e vários outros paratletas iguaçuenses conquistarão de agora em diante. Daqui para frente será a Canoagem Slalom representando Foz do Iguaçu nos Jogos Olímpicos e a Paracanoagem nos Jogos Paralímpicos. Obrigado Itaipu Binacional.