Fotos: Clóvis Santos
Instagran: clovisfotolink
Outras imagens em https://www.facebook.com/252831944768196/posts/5159917907392884/?sfnsn=wiwspwa
Aconteceu no final de semana de 11 a 13 de fevereiro o “Festival das Águas” na bonita Baía de Guaratuba, no litoral paranaense. Mais uma ação do Governo do Estado do Paraná que envolveu as modalidades de canoagem, stand up paddle, vela e canoa havaiana. Evento marcante não só para o histórico dos atletas do Instituto Meninos do Lago como também para todos os demais atletas paranaenses que tiveram o privilégio de participar de competições bem organizadas, com boa infraestrutura e um visual belíssimo.
Na canoagem participaram 129 atletas das Cidades de Foz do Iguaçu, Curitiba, Paranaguá, Tomazina, Tibagi e Siqueira Campos que disputaram provas de caiaque polo, seaside cross e maratona. Com tantos atletas paranaenses assim, é claro que o Projeto Social Meninos do Lago não poderia ficar de fora e acabou sendo a maior delegação com a participação de 26 atletas de 09 a 16 anos de idade. Um pouco mais tarde chegaram três atletas seniores, que já extrapolaram a idade limite do Projeto Social, mas que continuam filiados ao Clube Instituto Meninos do Lago – IMEL.
Edmar Quiroz de Borba, Patrício Leo Di Monaco e João Victor Wessner Vieira aproveitaram a ida para o Rio de Janeiro, onde estarão disputando vagas para o mundial Sub 23 nas seletivas que acontecerão no Canal Olímpico e representaram de forma honrosa as cores de Foz do Iguaçu e Itaipu Binacional com uma grande participação e várias medalhas.
DO TRABALHO SOCIAL
Antes de entrar na questão desportiva propriamente dita, faz-se necessário destacar algumas ações de cunho social que demonstram a importância do esporte na vida desses jovens atletas. Através desses retratos parece restar cada vez mais claro que o esporte é a principal e mais econômica ferramenta de contensão da delinquência juvenil, da morbidade infantojuvenil, da evasão escolar e uma série de outros atributos que somente ele é capaz de solucionar, mas que, infelizmente, ainda é muito pouco prestigiado pelos nossos governantes.
No relato do Professor Willian Fernando de Souza Oliveira, que atua ensinando canoagem atualmente no renomado Projeto Social denominado “Chute Para o Futuro”, dos 11 (onze) atletas que levou nesta competição, 5 (cinco) deles jamais havia saído de Foz do Iguaçu e ao se depararem com o mar e o gosto salgado da água foi o “conhecer de um novo mundo”.
“Eu como treinador de canoagem no núcleo Chute para o Futuro fico muito feliz em fazer parte dessa alegria dos pequenos atletas em conhecer o mar e competir em um evento tão bacana e bem organizado que foi esse em Guaratuba. Estava tudo perfeito, pode ter certeza que as crianças vão amar ainda mais o esporte e se dedicarem cada vez mais aos estudos. Confesso que deu nó na garganta quando chegamos e uma das atletas, que acabara de realizar a primeira viajem de sua vida, foi incisiva ao dizer que não queria descer do ônibus para não retornar à realidade da sua casa”.
Para o Professor David Victor Rezende Souza, treinador do Núcleo da Vila C, que fez um excelente vídeo demonstrando momentos de pura alegria de uma das pequenas atletas Sub 12, do Bubas, que enfrenta graves problemas familiares, foi enfático ao dizer:
“Os Jogos de Aventura e Natureza são maravilhosos pelo fato de unir o esporte e a natureza, proporcionando aos atletas momentos únicos. Como Professor fico muito feliz de ver o sorriso no rosto dos pequenos atletas ao conhecerem lugares novos, podendo competir e desfrutar da melhor maneira possível esquecendo muitas vezes, dos sérios conflitos internos gerados por uma realidade triste que não proporciona muitas oportunidades. O esporte é o caminho mais simples, rápido e fácil de abrir um leque de oportunidades para mudar completamente o rumo sofrido de muitos”.
Para o atleta Mateus França de Paula, de apenas 11 anos:
"Foi a competição mais legal que já fui, amei conhecer a praia, alimentação muito boa, e tive o prazer de participar de três modalidades diferentes em um evento só. Estou feliz em trazer o ouro para casa no Caiaque Polo”.
DA AÇÃO DESPORTIVA
Sexta feira, dia 11/02, Provas de Caiaque Polo
Em uma quadra de tamanho oficial, com píer em ambos os lados os jogadores de Caiaque Polo puderam desfrutar de excelentes condições para as partidas, sem falar no visual imbatível da baía de Guaratuba.
Participaram do evento 12 times nas categorias Sub 12, Sub 14, Júnior e Sênior, masculino e feminino. Nesta disciplina que está iniciando agora em Foz, o IMEL ficou em segundo lugar na Classificação Geral, perdendo para Tomazina que conta com jovens atletas talentosos e fortes que não pararam de remar durante a pandemia.
Segundo a Professora Caroline Valiati Rothhaar, treinadora no Núcleo do Canal Itaipu, Tomazina vencendo é um motivo de orgulho e preocupação para o IMEL:
“Durante aproximadamente dois anos de pandemia, não pudemos trabalhar com nossos atletas e investimos na capacitação dos professores e atualização geral da metodologia de ensino. Como não tínhamos atletas para verificarmos nossos métodos utilizamos as meninas e meninos de Tomazina, com o total apoio do Treinador local Pantera. Funcionou da seguinte forma, passamos para eles nossas apostilas com a proposta deles executarem os principais fundamentos através de filmagens para posterior scout técnicos dos treinadores de
Foz do Iguaçu. A experiência foi sensacional, pois além de verificarmos nosso próprio conhecimento percebemos a eficácia da metodologia que depois foi seguida pelo treinador e hoje temos o grato prazer de ver a ótima performance daqueles atletas. O problema agora é que temos que correr atrás e encontrar oportunidades de períodos de treinamentos não intermitentes”.
Com pouco tempo de treinamento pós pandemia, os atletas de Foz do Iguaçu nem chegaram ainda nas aulas específicas de Caiaque Polo, de forma que estão competindo nesta disciplina ainda sem nenhuma noção tática sendo que a técnica advém das aulas de Canoagem Slalom.
“Estamos encerrando agora as aulas de K1 e devemos ingressar nas aulas específicas para C1 para depois, aí sim, dedicarmos ao Caiaque Polo que muitos já demonstram certa paixão. Precisamos de dois a três meses para que nossos jovens atletas adquiram noções de táticas para que o esporte se torne mais aprazível de ser ver e de se praticar. Isso vai acontecer nos meses de junho ou julho desse ano” – previu o Coordenador do Projeto Argos G. D. Rodrigues.
Veja aqui os resultados e classificação geral.
Sábado, dia 12/02, Prova de Seaside Cross
Na Europa é muito comum às vésperas de eventos de Canoagem Slalom algumas confraternizações entre atletas à beira do rio (Riverside cross). Como não poderia deixar de ser, essas confraternizações são envoltas de competições alegres que exigem muita técnica e às vezes não só na canoagem.
Imagine dois atletas saltando de uma rampa de 3 metros de altura, com a obrigação de passar por vários obstáculos que simulam as balizas da Canoagem Slalom e, na metade da pista, ter que fazer dois gols que estão fixados à sua frente a dois metros de altura tendo disponível 5 bolas. No retorno fazer um rolamento esquimó até passar novamente pela porta de número 1. Vence o atleta que chegar primeiro, sem cometer faltas.
Como o evento em Guaratuba foi no mar o nome foi adaptado para Seaside cross e contou com a participação de 105 atletas entre 9 a 45 anos. Foi uma prova muito divertida e emocionante, principalmente para aqueles atletas mais novos que se aventuraram a descer a rampa pela primeira vez.
“No começo eu estava com muito medo, mas depois meu pai me incentivou a descer e foi muito massa. Quero descer de novo” – disse um dos atletas mais novos da competição Adrian Cordeiro Sanches, filho de Angel Sanches, treinador do IMEL.
Veja aqui os resultados e classificação geral.
Domingo, dia 13/02, Prova de Maratona
O último dia foi destinado às melhores imagens quando grupos de 50 caiaques ou mais largavam simultaneamente. Com a participação de 129 atletas de Curitiba, Paranaguá, Foz do Iguaçu, Siqueira Campos, Tomazina e Tibagi as águas da Baía de Guaratuba ficaram ainda mais bonitas. Para esta modalidade o IMEL não possui embarcações apropriadas e não há como competir com as escolas que se dedicam à velocidade em água parada, como é o caso do Clube de Regatas de Curitiba que mostrou todo o seu potencial. Ganhou praticamente em todas as principais categorias.
Mesmo assim, no mais autêntico “espírito competitivo”, todos os atletas iguaçuenses participaram da Maratona. Na primeira largada foram 59 barcos com os mais novos das categorias Sub 12 e Sub 14. Parecia um pequeno cardume de caiaques os mais diversos possíveis. Aos mais novos foram exigidas duas voltas de aproximadamente 200 metros sem portagem e uma pequena corrida no final da prova a pé para passar a linha de chegada no seco. Os atletas do Sub 14 o percurso aumentou um pouquinho e foi necessário que fizessem uma portagem.
“Essa prova dos mais novos foi uma loucura. Sabíamos que chegariam muito próximos, porém não todos juntos. Para o próximo ano vamos ter que aumentar o número de voltas para diminuir o acesso final. Mas sem dúvida, para as crianças que participaram dessa maratona, nunca mais vão esquecer desse evento. Conversando com eles, só ouvimos elogios e quero mais” – disse uma das árbitras de chegada Nathalia de Freitas Sapia, de Foz do Iguaçu.
O espírito esportivo de um Festival e não de um campeonato fez com que a preocupação maior não fosse com o tempo de prova dos atletas, pois as boias foram definidas sem nenhuma pretensão com quilometragem oficial, mas sim com observação na segurança dos atletas. Dessa forma, a organização se preocupou apenas com juízes nas boias de controle para que todos cumprissem o trajeto oficial e com a chegada dos três primeiros lugares de cada categoria.