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A Federação Paranaense de Canoagem realizou entre os dias 10 a 14 de fevereiro, no Parque da Piracema da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, a primeira capacitação aos professores do Projeto Meninos do Lago do ano 2025. Esse curso anual já vem acontecendo desde o ano de 2022, sendo que os resultados alcançados pelo Instituto Meninos do Lago nos eventos nacionais promovidos pela Confederação Brasileira de Canoagem, principalmente na base do esporte, não deixam margens para outra interpretação a não ser “eficácia absoluta da metodologia utilizada”.

Para o Professor Wilian Fernando, Foz aguarda ansiosa por novas metodologias de iniciação produzidas e publicadas por qualquer entidade de prática ou de administração esportiva brasileira nos padrões utilizados pela Federação Paranaense pois somente assim será possível qualquer tipo de comparação:

“Atualmente a metodologia utilizada pelo IMEL é responsável por mais de 60% dos resultados nacionais da segunda divisão, que é a base do esporte e que está dentro da faixa etária com a qual trabalhamos no Projeto Social patrocinado pela Itaipu Binacional. Quando algum clube chegar próximo aos nossos resultados é evidente que vamos olhar com carinho para fazermos os ajustes necessários buscando o aperfeiçoamento sempre. Porém, hoje não conheço nada que chegue próximo ao conteúdo técnico das nossas apostilas visando a iniciação do esporte, o que é uma pena, pois a canoagem brasileira poderia avançar muito mais se houvessem outros bons trabalhos e todos seguissem uma metodologia única, comprovadamente eficaz".

Para o presidente da Federação Paranaense de Canoagem, João Emerson dos Santos Kondo, também educador físico e treinador da ATOCA – Associação Tomazinense de Canoagem, que esteve presente nesta semana de capacitação, as dúvidas que mantinha sobre a metodologia foram extintas no exato momento que conheceu a fundo o propósito e implantou em sua Cidade.

“É muito cômodo para o resto dos clubes brasileiros dizerem que Foz só é campeão por ter mais atletas em todas as categorias e eu era um que usava desse argumento equivocado. Claro que o fato de ter mais atletas auxilia de forma inquestionável, porém quem pontua são apenas os três melhores que vão ao pódio. E nas categorias onde o IMEL trabalha que são Sub10, Sub12 e Sub14 eles são praticamente imbatíveis chegando a obter o pódio completo somando pontos inalcançáveis. Pode juntar a pontuação de todos os clubes do Brasil que dificilmente vão bater os pontos do IMEL sozinho. Por perceber essa eficácia, iniciamos a mesma metodologia em Tomazina e hoje já somos o segundo melhor Clube do Brasil nesta divisão de base. Realmente dá certo e a metodologia é fantástica”.  

A metodologia preocupa-se em ensinar as manobras de propulsão, condução, equilíbrio e as manobras combinadas tendo como base as metodologias da Federação Espanhola e Britânica para a Canoagem Slalom e Australiana para o Caiaque Polo. Além disso, percebeu-se que fundamentos básicos iniciais não eram praticados pelos clubes brasileiros, como por exemplo, entrar e sair do barco na forma correta assim como havia em muitos casos negligência e nenhum método para ensinar a nadar. Argos Rodrigues, Autor das apostilas utilizadas disse:

“A Confederação Brasileira de Canoagem investiu muito dinheiro em nosso aprendizado e obviamente deveríamos entregar algo producente para a canoagem brasileira como contrapartida. Com auxílio dos Professores do IMEL e muitos estudos e traduções, conseguimos montar três apostilas visando o inicio da atividade da canoagem, seja ela qual for a modalidade e hoje estão disponíveis para todos os clubes. Produzir algo que poderia ser facilmente entendido pelo atleta e, principalmente, pelo professor leigo em canoagem que nunca tinha sequer chegado próximo a um caiaque. As disciplinas escolhidas foram Caiaque Polo e Canoagem Slalom, por dois motivos principais: são as duas disciplinas com maior número de fundamentos de todas existentes na canoagem e podem ser executadas em um pequeno espaço de forma segura. A criança que aprende esses métodos em dois anos terá muito mais facilidade em poder remar qualquer tipo de embarcação seja com o surfski nas ondas ou nos difíceis barcos olímpicos da Canoagem Velocidade. Além disso trabalhar em espaços curtos, pequenos, como por exemplo piscinas semiolímpicas (25mx12m) ou pequenos lagos é muito bom para a segurança do atleta e do próprio professor. Algumas experiências traumáticas iniciais fazem com que o atleta desista do esporte e, pior ainda, vire um opositor a ele divulgando sua experiencia malfadada como se regra fosse. É o caso, por exemplo, de entrar e sair da embarcação, principalmente no caso de emborcamento quando percebe que tem pânico de água que ele próprio desconhecia”.

Em virtude de entender que a primeira função do professor de um atleta de canoagem é saber como ele lida com o meio líquido, foi criada dentro da metodologia uma forma de se ensinar a nadar de forma rápida e eficaz, não com o objetivo de tornar esse atleta um campeão olímpico de natação, mas principalmente para ele saber se comportar no meio líquido sem o desespero que muitos atletas apresentam no início e que pode se transformar em experiência trágica. São apenas cinco exercícios repetidos dez vezes cada um dos tópicos apresentados. Em menos de 30 minutos a criança sai nadando. Quem duvidar pode ir a Foz e presenciar pessoalmente com uma nova turma já que hoje passam de 1.200 alunos todos os meses.

Esse é outro orgulho para o Instituto Meninos do Lago. Talvez o maior mérito após a conquista da parceria com a Itaipu Binacional. No momento que o IMEL conseguiu colocar a canoagem na rede pública de ensino o número de praticantes explodiu. Em Foz do Iguaçu existem os Centros de Convivência com milhares de crianças até 12 anos e nestes locais existem piscinas semiolímpicas. Ao conseguir a parceria do Município para introduzir a canoagem com essa metodologia utilizando-se dos alunos desses Centros, foi o gol de placa que o Brasil todo deveria copiar, obviamente nos locais que tenham as condições extraordinárias apresentadas pelo Município de Foz do Iguaçu.

Por fim, Angel Sanchez relata que a semana foi bastante produtiva pois sempre que a metodologia é reapresentada algo novo surge e mais aprendizado para o currículo:

“Foi uma semana intensa com muito calor e muito aprendizado. Mesmo que se tratem de fundamentos básicos, hoje estamos cientes de que são esses fundamentos mal empregados que desestimulam a continuidade de vários atletas iniciantes. Quando o índice de desistência de atletas é grande, pode saber que algo não vai bem na metodologia empregada na iniciação e são coisas fáceis de se corrigir. Em um passado não muito distante, perdíamos muitos atletas nos dois primeiros meses de atividades, isso hoje já não acontece mais e com absoluta certeza é em função da empregabilidade dessa nova metodologia”.